27 de set. de 2012

Seminário Internacional "Migração e Tráfico de Pessoas na América Latina"


A Fundação Memorial da América Latina e o Instituto Latino-Americano de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (ILADH) abriram o seminário internacional “Migração e Tráfico de Pessoas na América Latina”, com a participação, na mesa de abertura, do Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, do Procurador Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo, Márcio Elias Rosa, do Presidente da Fundação Memorial da América Latina, João Batista de Andrade, da diretora do Movimento Contra o Tráfico de Pessoas, Débora Aranha, e do presidente do ILADH, Ricardo Yamasaki.




A mestre de cerimônia foi a drag queen Renata Perón, montada em um modelinho preto comportado. Migrante de Juazeiro, BA, artista polivalente, elogiada intérprete do compositor Noel Rosa, o que poucas pessoas sabem é que ela tem uma destacada militância em defesa de minorias. Convidá-la a abrir o evento foi um gesto dos organizadores contra o preconceito e a discriminação.
Ao dar as boas vindas aos presentes, o presidente do Memorial, João Batista de Andrade, lembrou que ele também é um migrante, pois veio do interior de Minas. “Sei a dificuldade que é mudar de paisagem, viver longe dos pais, dos familiares, dos amigos, dos conhecidos. A sensação é que nunca se vai conseguir vencer as barreiras”. João Batista de Andrade contou que, em seu trabalho, essa questão da migração sempre esteve presente, no cinema e na televisão. O premiado “O homem que virou suco”, por exemplo, conta a história de um poeta de cordel que insiste em não se deixar esmagar pela engrenagem de São Paulo, cidade para onde milhões de nordestinos migraram. Por fim, enfatizou que a defesa dos direitos humanos na América Latina é o sonho da sua geração, que vem dos anos 50.
Ricardo Yamasaki, presidente do ILADH, confessou ser “triste ter que discutir esse tema, mas é bom que as pessoas saibam que o tráfico de pessoas realmente acontece, não é lenda urbana, como alguns dizem”. Segundo ele, grande parte da população não tem a percepção da grandiosidade do problema, ignorância que este seminário vai ajudar a diminuir.
Márcio Elias Rosa, Procurador Geral do Ministério Público de São Paulo, reafirmou o papel do Ministério Público em defesa das pessoas vulneráveis. “Especialmente a partir da Constituição de 88, o MP está a postos para defender os assim chamados ´interesses indisponíveis´ ou sociais”, contou. O procurador incentivou as pessoas a não se satisfazerem com um seminário como esse, mas na vida cotidiana se acostumarem a procurar seus direitos ou apoiar quem precisa, como os estrangeiros.
Por último, falou Dom Odilo Scherer, que caracterizou o encontro como sendo de grande importância e atualidade, informando em primeira mão inclusive o tema da Campanha da Solidariedade de 2014: o tráfico de pessoas e a exploração sexual. Ele contou que o Vaticano também acompanha essa questão com muito interesse, por meio do Pontifício Conselho para as Migrações. No Brasil há um serviço da Conferência Episcopal que estuda esse problema. No Estado de São Paulo, especificamente, existe a Congregação de São Carlos, surgida originalmente para apoiar os imigrantes italianos e depois aberta para todas as nacionalidades. “Hoje esse problema é muito grave porque está relacionado ao poder econômico. O tráfico de pessoas para exploração sexual é o terceiro em importância, depois do tráfico de armas e de drogas”, contou. Segundo Dom Odilo Scherer, muitas vezes os traficantes de pessoas se utilizam da própria rede de apoio formada em torno do imigrante para, ainda em seu país de origem, convencê-lo a imigrar. E preciso tomar cuidado, adverte.

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